Publicado por Redação em Vida em Grupo - 02/04/2014 às 10:56:15

Funerárias se juntam para montar seguradora

Empresa funerária e seguradora de vida parecem, à primeira vista, negócios antagônicos. Porém, sob outro ângulo, podem ser encarados como complementares - afinal, ambos buscam lidar com uma questão comum, a fatalidade.

De olho nisso, um grupo de 36 empresas de planos funerários se juntou para montar uma seguradora. O foco será vender apólices de vida para os cerca de seis milhões de clientes que o grupo já possui. Para se ter uma ideia da relevância dessa carteira, a BB Seguridade tem cerca de oito milhões de clientes pessoa física.

Com assessoria financeira do Banco Indusval & Partners (BI&P), o grupo está procurando um parceiro que já atua no ramo para fazer uma joint venture e já recebeu propostas de três seguradoras. "Vamos começar a negociar e dentro de um ou dois meses devemos ter o negócio definido", disse Rogério Pacheco, diretor do banco de investimentos do BI&P, sem revelar o nome das pretendentes.

A priori, o negócio seria mais interessante para seguradoras independentes, que não têm um canal bancário para vender apólices. As maiores companhias independentes de seguro de vida individual no país são a americana Prudential e as brasileiras Mongeral, SulAmérica e Icatu. Entre as companhias ligadas a banco, estão a BB Seguridade, que no segmento de vida atua com a Mapfre, e a Bradesco Seguros.

A maioria das funerárias atua fora das grandes cidades, com foco no interior de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Nordeste. A clientela é formada em sua maioria por famílias de baixa renda, em que o falecimento de um familiar é um problema também do ponto de vista financeiro.

O grupo é formado em sua maioria por empresas familiares de diferentes portes e níveis de governança. Para organizar esse grande grupo e ter menos interlocutores, foi decidida a criação de nove holdings operacionais, em que cada uma vai abrigar quatro empresas. Elas vão ficar sob o guarda-chuva de uma holding não operacional, que vai fazer a joint venture com a seguradora escolhida.

"A maioria das empresas funerárias nasceu da necessidade dessas pessoas, que tinham que fazer vaquinha para pagar o enterro", disse Angelo Pereira, do Grupo Bom Pastor. A empresa atua no interior de São Paulo e é integrante do grupo, que está sendo chamado de "G36".

A nova seguradora deve ter um capital inicial de R$ 15 milhões, que é o mínimo obrigatório pelas leis do setor para que uma companhia de seguros possa atuar em todo o território nacional. "Mas já temos cerca de R$ 40 milhões disponibilizados pelo grupo", disse Pacheco, da BI&P.

Segundo Dilson Athia Filho, do Grupo Athia, o negócio também resolve um problema de sucessão que muitas dessas empresas têm. "Sempre tentamos organizar esse segmento, que presta um serviço relevante. Nessa linha, também buscamos alternativas para a sucessão do negócio", conta Athia Filho, cujo grupo atua na região de Presidente Prudente. A empresa da família foi fundada pelo avó, um imigrante sírio que chegou ao país em 1916, e agora é administrada pela terceira geração.

"A ideia é entregar para a próxima geração não essa empresa familiar de 40 anos, mas sim uma posição acionária de um outro tipo de negócio não só atrelado ao serviço funerário", diz Athia Filho.

O modelo de negócios da seguradora ainda não está totalmente pronto, mas a ideia é distribuir também outros tipos de seguros individuais na rede das empresas funerárias, como seguro residencial, acidentes pessoais, odontológico e saúde, por exemplo. Com uma rede de distribuição já estabelecida, o custo de comercialização será baixo. Os canais de venda das funerárias são bastante variados, entre eles lojas próprias, venda porta a porta, estabelecimentos parceiros e call center.

Hoje, planos funerários são vendidos como assistência, por isso não têm regulação específica. Mas por suas características próximas a de seguros há o risco de que o setor passe a ser regulado pela Susep, órgão fiscalizador das seguradoras. "Existe um projeto de lei tramitando no Congresso para regulamentar o setor", diz Pereira, do Grupo Bom Pastor. Diante disso, o G36 procurou assessoria para se preparar para uma possível mudança de cenário e, juntos, viram que têm um significativo canal de vendas para serviços financeiros.

Fonte: http://seguros-se.blogspot.com.br/


Posts relacionados

Vida em Grupo, por Redação

Consumidores buscam mais proteção e elevam venda de auxílio funeral

Os números que retratam o desempenho do ramo de pessoas no país, divulgados periodicamente pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) não deixam dúvida quanto ao espetacular crescimento dos produtos de assistência.

Vida em Grupo, por Redação

Susep coloca em audiência pública minuta de Resolução CNSP

OSugestões para serviços de auditoria independente poderão ser encaminhadas em até 30 dias

Vida em Grupo, por Redação

Susep cria novas normas para títulos de capitalização

Mercado terá prazo de 180 dias para atender determinações da autarquia

Vida em Grupo, por Redação

Capitalização deve crescer ainda mais com microsseguro

As empresas de capitalização projetam um forte avanço dos negócios com a efetiva estreia do microsseguro, concorda o presidente da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap), Marco Antonio Barros.

Vida em Grupo, por Redação

Seguro de pessoas movimenta R$ 10,5 bilhões no 1º semestre

Os seguros de pessoas - que englobam o seguro prestamista, seguros educacionais, seguro de vida individual ou em grupo, entre outros - fecharam o primeiro semestre de 2012 com R$ 10,5 bilhões em prêmios emitidos (valor da prestação paga pelo segurado à seguradora),

Vida em Grupo, por Redação

Atual momento do país é favorável para resseguros

Ao falar sobre resseguros no Brasil, o diretor Regional de resseguros da Zurich Seguros, Fernando Zamboim, destacou que o momento é excepcional, de muitas oportunidades, principalmente pela situação econômica que o país atravessa, se comparado com a Europa e os Estados Unidos.

Vida em Grupo, por Redação

Brasileiros contratam mais seguros de desemprego e perda de renda

O brasileiro está contratando mais apólices de seguro contra desemprego e perda de renda. Segundo dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida),

Deixe seu Comentário:

=