Publicado por Wellington em Notícias Gerais - 31/10/2016 às 11:21:36

A psicologia por trás da insistência em trabalhar quando estamos doentes

 Funcionários se sentem pressionados pela chamada cultura do presenteísmo

A cena é comum: a cabeça e o corpo doem, você não para de espirrar ou de assoar o nariz, mas ainda assim se arrasta pelo escritório cheio de afazeres que parecem não poder esperar. Enquanto isso, alguns colegas parecem estar sempre doentes e faltando ao trabalho.

Mas não há um comportamento certo ou errado quando se trata de aliar um mal-estar à rotina.

Estudos recentes indicam que quem trabalha quando está doente acaba apresentando um desempenho pior e tem mais chances de cometer erros. Por outro lado, outras pesquisas mostram que algumas pessoas se sentem pressionadas a levantar da cama quando pensam na estabilidade de seu emprego ou nas contas a pagar.

Um dos estudos foi realizado pela Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha, que batizou o problema de "presenteísmo": uma mistura de estresse com grande demanda de tarefas e insegurança em relação ao emprego.

Como não há uma maneira objetiva de medir o quão apta uma pessoa está para trabalhar quando está doente, tomar a decisão de faltar acaba sendo mais difícil do que parece.

"Indivíduos que estão muito envolvidos com suas funções ou têm tendências a serem workaholics são os que faltam menos por causa de doenças, por mais que estejam se sentindo mal", afirma Gail Kinman, professora de psicologia ocupacional da Universidade de Bedfordshire, também na Grã-Bretanha.

Segundo Kinman, ter um chefe que valoriza o presenteísmo também atrapalha o julgamento do funcionário, já que os superiores costumam servir de exemplo.

"Gerentes que aparecem no escritório mesmo doentes em geral esperam que seus subordinados façam o mesmo", explica a psicóloga.

Outro estudo da mesma Universidade de East Anglia, no entanto, mostrou que as pessoas que se sentem mais assediadas, pressionadas ou discriminadas no ambiente de trabalho também se sentem mais ansiosas em ter de faltar.

Segurança dos outros

Algumas doenças, como a gripe ou viroses, costumam ser mais contagiosas em seu estágio inicial. Por isso, Michael Tam, clínico geral do Hospital Fairfield, em Sydney, na Austrália, costuma recomendar que o paciente peça folga assim que sentir os primeiros sintomas.

"Isso é particularmente importante quando o trabalho envolve o contato direto com outras pessoas, como na hotelaria ou nos cuidados com outros indivíduos", diz.

Até mesmo quem trabalha isolado em sua sala em um grande escritório precisa tomar cuidado para evitar que a doença se espalhe, segundo o especialista.

A Austrália é um dos países onde a lei prevê o pagamento de uma licença médica a quem está empregado em regime de tempo integral e a algumas pessoas que trabalham em meio-período.

Já nos Estados Unidos e em alguns países asiáticos, por exemplo, há poucas garantias de cobertura. Isso acaba pesando na decisão de muitos trabalhadores, que preferem sair da cama ao risco de perderem o emprego, segundo Kinman.

Trata-se de um dilema que algumas pessoas conhecem bem, principalmente as que trabalham como freelancer ou fazendo "bicos".

Um estudo recente realizado pelo Sindicato dos Freelancers dos Estados Unidos mostra que 35% da mão de obra do país hoje atua nesse ramo. "Se eu não for trabalhar, não recebo", conta Sean Newman, um mestre-de-obras de Londres.

Já Nicole, funcionária pública em Sydney - que não quis revelar seu sobrenome - diz que, quando tem uma gripe, se sente mais capaz de trabalhar de casa por algumas horas do que um dia inteiro no escritório.

Mas seu gerente não concorda com essa flexibilidade, estabelecendo que seus subordinados "ou ficam doentes em casa ou saudáveis no trabalho".

Regras como essa dificultam a decisão sobre o que fazer.

"Na vida, nada é tão preto no branco", reclama ela.

Fonte: BBC Brasil


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

Quadrilha rouba terminal de cargas do aeroporto de Guarulhos

Uma quadrilha invadiu o terminal de cargas do aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), por volta das 21h de domingo (29).

Notícias Gerais, por Redação

Renda da família brasileira cresce 3% ao ano em uma década, diz estudo

A renda per capita das famílias brasileiras aumentou 3% ao ano, em uma década (2001 e 2011), passando de R$ 591 para R$ 783. Para o segmento da classe média, o ritmo de crescimento para superou os 4% ao ano, com valor (R$ 576) 50% acima do registrado dez anos antes (R$ 382). 

Notícias Gerais, por Redação

Discussão sobre fim do fator previdenciário está paralisada

O fim do fator previdenciário não tem previsão para voltar a ser discutido pelo governo, informou o secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social (MPS), Leonardo Rolim

Notícias Gerais, por Redação

Mantega volta a negar mudanças na rentabilidade da poupança

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a negar nesta terça-feira que o governo estuda mudanças na rentabilidade da poupança. A especulação acontece toda vez que a taxa básica de juros (Selic) fica inferior a dois dígitos.

Notícias Gerais, por Redação

Bovespa avança 15,95% e lidera rentabilidade em 2012

No segundo mês do ano, a bolsa brasileira perdeu um pouco a força, porém manteve o bom desempenho apresentado em janeiro, registrando valorização de 4,34%, aos 65.811 pontos.

Deixe seu Comentário:

=