Publicado por Redação em Notícias Gerais - 24/10/2011 às 09:36:42

O Brasil e a inflação

O economista de Harvard Kenneth Rogoff (ex-FMI e ortodoxo) foi um dos primeiros a pregar a solução. Ela ganha a praça, de propósito ou não.

Esgotada a munição convencional na atual crise, a ideia seria viver com um pouco mais de inflação. Usá-la para corroer a dívida de famílias e governos. De quebra, tentar estabilizar os preços dos imóveis nos países ricos.

A ideia é heterodoxa, assim como os tempos atuais.

Inflação é deletéria e pode provocar efeitos colaterais enormes. Especialmente em países com histórico de preços altos (e indexação) como o Brasil.

A inflação acumulada em 12 meses nos EUA bateu em 3,9% em setembro. Há um ano, era de 1,1%. Em tempos normais, algo acima de 2% provocaria reação do Fed (o BC dos EUA).

Na zona do euro, os preços anualizados até setembro subiram 3% (1,9% há um ano).

Não há sinais, nos EUA e na Europa, de movimentos para interromper isso.

O motor da inflação no mundo rico é a estratégia dos bancos centrais norte-americano e europeu.

O Fed e o BCE inundam há meses seus mercados com dólares e euros. Que são emprestados a famílias e empresas a custo zero ou negativo.

Isso estimula as pessoas a gastar. Tendo à frente a perspectiva de que tudo ficará mais caro no futuro (com a inflação), os consumidores também tendem a antecipar o consumo.

Outro efeito de mais inflação é que ela corroeria as dívidas das famílias e governos. Dívidas que são a causa e que estão no centro da atual crise.

Se os EUA tiverem, digamos, três anos de inflação na faixa de 5% ao ano, uma família que hoje deve US$ 10.000 passará a dever US$ 8.400 em termos reais em 36 meses.

O mesmo ocorre com as dívidas dos governos. Isso alivia a carga sem que seja necessário um rigoroso ajuste fiscal, que só afundaria mais a economia.

Mais inflação também ajudaria a estabilizar o valor dos imóveis no mundo rico. Se há uma perspectiva de alta nos preços mais à frente, eles deixariam de cair agora.

Problema 1: a inflação deprime o poder de compra. Seriam necessários ajustes salariais para compensar. Mas argumenta-se que deixar os preços correr um pouco mais soltos seria melhor do que travar a atividade com alta de juros.

Problema 2: se para os países ricos a estratégia tem riscos mas parece válida, ela pode ser explosiva para o Brasil. O país não ficará imune à alta dos preços no mundo rico.

Contratos de aluguel, tarifas e mensalidades permanecem indexados a índices de preços por aqui. Além disso, 29% do total da dívida pública está indexada à inflação.

Desde fins de agosto nosso BC aposta em reduzir o juro básico (a Selic) acreditando que a inflação cederá por conta da crise internacional.

A atual leniência dos países ricos com os preços complica essa estratégia.

Fonte: www.folha.com.br | 24.10.11


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

Renda de empregados domésticos sobe 8,1% em um ano e lidera alta

A renda dos trabalhadores que prestam serviços domésticos – incluindo empregados fixos e eventuais – saltou 8,1% em termos reais (descontada a inflação) entre outubro do ano passado e o mesmo mês de 2013, em mais um sinal de que os mais pobres estão sentindo menos os problemas econômicos do país, mais percebidos pela classe média.

Notícias Gerais, por Redação

Dólar opera em baixa de 1% e ronda R$ 2,20 nesta quarta

O dólar comercial abriu em queda ante o real nesta quarta-feira (2), após avançar na sessão anterior.

Notícias Gerais, por Redação

Mercado prevê que Selic encerra 2013 a 8%

O mercado elevou sua projeção para a Selic neste ano a 8%, ante 7,25% atualmente, depois de o Banco Central ter deixado a porta aberta para a elevação dos juros no futuro, mostrou a pesquisa Focus da autoridade monetária divulgada nesta segunda-feira.

Notícias Gerais, por Redação

Dilma: Brasil tem de dobrar renda per capita para ser desenvolvido

A presidente Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira que para o Brasil ser considerado um país desenvolvido precisará "dobrar sua renda per capita", mas ela não se comprometeu com um prazo para atingir essa meta ao discursar no almoço com os oficiais generais das Forças Armadas.

Notícias Gerais, por Redação

SP: decreto facilita fechamento de micro e pequenas empresas

O Decreto 58.451/2012 publicado no Diário Oficial do Estado facilita o fechamento de micro e pequenas empresas, que optaram pelo Simples Nacional, no estado de São Paulo.

Notícias Gerais, por Redação

Correios dizem que 80% dos funcionários estão trabalhando

Os Correios divulgaram nota nesta segunda-feira informando que 80% dos funcionários estão trabalhando e que as agências estão abertas à população.

Deixe seu Comentário:

=