Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 27/07/2011 às 14:53:42

Voltamos, por sua relevância, ao tema do Sistema Único de Saúde, responsável direto pela assistência de 150 milhões de brasileiros, é também o maior mercado de trabalho, ao menos potencial, para os médicos.
 
Cantado em verso e prosa pelas suas propostas de ser, em tese, um sistema organizado e de acesso universal e gratuito, ele padece, na prática, da falta de prioridade de sucessivos governantes para sua real e definitiva implantação e fortalecimento.
 
Senão, vejamos. O sistema de planos de saúde, chamado suplementar, atende, somente, a 25% da população (46 milhões de pessoas) e, com isso, gasta 55% do valor total dos gastos com a saúde no Brasil. Com o nosso combalido SUS, gastam-se 45%. Vale salientar que a maioria dos países europeus, que garante o acesso a todos na saúde publica, tem cerca de 70 a 80% dos gastos públicos. Em nosso país, a simples votação no Congresso de uma regulamentação da Emenda 29, que traria mais recursos para o setor, se arrasta no rol das iniquidades da política nacional há mais de 10 anos.
 
Cresce o numero de usuários dos planos de saúde. Este aumento foi de 10% no ultimo ano. Alternativa para empresas e pessoas com poder aquisitivo, este setor se torna cada vez mais um parâmetro de assistência e sonho de consumo. Esse fenômeno, chamado recentemente por um ex-ministro de “americanização” da saúde, tem como resultado final uma economia de custos para o governo, que se desonera assim dos gastos com os que migram do SUS para os planos de saúde. Desfinanciamento do SUS e incentivo ao crescimento da saúde suplementar – será este um projeto em curso?
 
As repercussões deste quadro são sentidas diretamente pelos sinais e sintomas emitidos pela situação da assistência em saúde, revelados pela mídia, pela sociedade em geral e pelas entidades medicas.
 
Torna-se repetitiva a citação dos problemas, tais como: a superlotação e sobrecarga de trabalho nas emergências, falta de referencia e regulação, filas de espera, falta de profissionais e de perspectiva de carreira medica, salários defasados, contratos temporários, o que revela a falta de condições adequadas de trabalho e assistência.
 
Alguns dados do Rio de Janeiro, que tem a maior rede própria do Brasil, ajudam a ilustrar o panorama dos recursos humanos em todo o país.
 
 Na ausência de concursos públicos com remuneração digna, cresce o numero de médicos com contrato temporário nas emergências. Nos hospitais federais são cerca de 50% do quadro. Nos estaduais cerca de 60% e de 50% nas emergências da prefeitura. Mesmo assim faltam 223 médicos para as emergências e UTIs federais e cerca de 90 médicos nas três das maiores emergências do município.
 
Os nossos colegas emitem sinais claros de descontentamento e partem para mobilizações em todo o país. Nós não só acompanhamos hoje pelo CFM esta situação, como também procuramos, através da Comissão Nacional Pró-SUS, canalizar esse inconformismo em ações nacionais articuladas que potencializem as nossas ações, que têm a força da justiça e da ética, e traduzem, certamente, os anseios dos médicos e as necessidades da nossa população.
 
Fonte: www.saudeweb.com.br | 27.07.11

Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Em três anos, saúde foi área técnica que gerou mais empregos

Quase 100 mil postos de trabalho foram criados para técnicos de nível médio entre 2009 e 2012, segundo o Ipea

Saúde Empresarial, por Redação

Saúde lança campanha de vacinação contra a gripe

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta terça-feira (26) o lançamento da 15ª Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe, que neste ano vai ser realizada entre 15 a 26 de abril, sendo 20 o dia de mobilização nacional.

Saúde Empresarial, por Redação

Pressão do governo pode forçar consolidação na saúde

Na área de saúde suplementar privada, com mais de 1.300 operadoras em atuação - dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) -, a possibilidade de haver uma concentração de "poder" na mão de grandes players fica ainda mais evidente.

Saúde Empresarial, por Redação

Saber lidar com o arrependimento promove velhice saudável

Envelhecer de modo saudável está diretamente ligado à capacidade de lidar com o arrependimento. Quando uma pessoa é jovem, se arrepender de uma escolha pode ajudá-la a tomar melhores decisões no futuro.

Saúde Empresarial, por Redação

Atestado médico e a limitação como suposto meio para pagamento dos 15 primeiros dias

A legislação trabalhista (art. 473 da CLT) estabelece algumas situações em que o empregado poderá faltar ao serviço sem prejuízo da remuneração tais como o falecimento de cônjuge, nascimento de filho, casamento, serviço militar entre outras.

Deixe seu Comentário:

=