Publicado por Redação em Notícias Gerais - 05/10/2016 às 11:24:17

Crise no Brasil leva a América Latina a uma recessão mais severa, diz FMI

Christine Lagarde em um evento com a imprensa ZACH GIBSON AFP

Região terá retração de 0,6% este ano por causa da crise no país, cujo PIB deverá cair 3,3% em 2016

O espectro do persistente estancamento da economia global continua vivo. Essa incerteza se reflete nas últimas previsões para todas as regiões do planeta que o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou na manhã desta terça-feira. A América Latina sofrerá uma retração de 0,6% este ano, dois décimos a mais do que foi previsto há apenas três meses. Três fatores principais contribuem para esse cenário: a provável queda de 3,3% do PIB brasileiro, os modestos resultados da economia mexicana e o tombo de 10% da economia venezuelana. De qualquer forma, o organismo ainda está confiante de que a região consiga fazer uma retomada até alcançar um crescimento de 1,6% em 2017.

De maneira geral, a recuperação está sendo precária, como destaca Maurice Obstfeld, conselheiro econômico do Fundo. A projeção é que a economia global se expanda a um ritmo de 3,1% este ano e de 3,4% no próximo ano, como já foi antecipado em julho. A boa notícia é que o crescimento das economias emergentes e em desenvolvimento deve se acelerar pela primeira vez em seis anos, alcançando 4,2% em 2016 e daí subindo para 4,6% em 2017. Mas o potencial a longo prazo é menor.

Como indica Obstfeld, o ritmo atual de expansão ainda é baixo em todo o mundo, especialmente no grupo dos países em desenvolvimento. “O crescimento dessas economias continuará sendo desigual e, em geral, fraco”, adverte. É verdade que as tensões externas se moderaram graças às expectativas de juros baixos nas economias avançadas. Mas há muitas peças ainda em movimento pressionando para a redução da atividade econômica.

Esses desequilíbrios afloram quando fracionados os dados para a América Latina país a país. A recuperação prevista para o ano que vem na região se justifica porque as condições na maior potência do continente começam a se estabilizar. O Brasil deve sofrer uma contração de 3,3% este ano, como o Fundo antecipou em julho. A partir daí, o país vai se recuperar e retomar o caminho do crescimento, para registrar uma expansão de 0,5% em 2017, também como foi indicado há três meses.

O FMI admite que a redução da tensão e da incerteza política teve um efeito positivo na evolução econômica. O órgão também observa que o país se recupera dos choques sofridos pela queda no preço das matérias-primas. Mas os técnicos consideram imperativo reforçar a confiança para se afastar do estancamento, com medidas que incentivem o investimento em sua economia.

Reformas estruturais

Já o México vê como seu crescimento cai quatro décimos na previsão para este ano e três décimos para o ano que vem. O FMI agora calcula uma expansão de 2,1% para a segunda economia da região em 2016, o que representa uma desaceleração em relação aos 2,5% previstos no último trimestre. Isso se explica pelo fraco rendimento das exportações na primeira metade do ano. O rebote deve ser modesto, de apenas dois décimos, a 2,3% em 2017. Mas, a médio prazo, poderá chegar a 2,9%, quando as reformas estruturais comecem a dar seus frutos.

A Venezuela é, de longe, o país com mais problemas. Sua economia deve se contrair 10% este ano e 4,5% no próximo, que se somarão aos 6,2% de crescimento negativo durante o ano de 2015. Nesse caso nada muda em relação à proteção de julho. Outra economia que está em recessão é a equatoriana, com uma retração de 2,3% em 2016 que se agravará quatro décimos em 2017. Em ambos os países, a evolução do quadro vai depender do comportamento do setor de energia.

Já a Argentina acaba de iniciar um processo de transição em direção a mais um marco de sua política econômica. O custo de sua aplicação, no entanto, é maior do que o esperado. Isso fará com que o rendimento de sua economia seja pior do que o previsto. Este ano, o país deve se contrair 1,8%, dois décimos a mais do que foi anunciado em julho. De qualquer forma, o crescimento será reforçado até conseguir chegar a uma expansão de 2,7%, semelhante à que a Colômbia deve ter.

Fortalecer o crescimento

Assim como outros exportadores de matérias-primas, a economia colombiana sofrerá uma desaceleração, dos 3,1% de 2015 para 2,2% em 2016. São três décimos a menos do que foi previsto em julho. O mesmo ocorre com o Chile, cujo crescimento cai para 1,7% este ano depois de 2,3% no ano passado. O Peru se destaca do resto com um sólido crescimento de 3,7% no período atual, e que deve superar os 4% em 2017 graças à atividade do setor minerador e ao investimento público.

O FMI considera que a taxa de câmbio é a primeira linha de defesa que essas economias possuem para enfrentar a incerteza global. A passagem das fortes desvalorizações para a inflação está sendo relativamente limitada. As medidas fiscais, no entanto, dão pouca margem. A prioridade é orientar as políticas na direção de setores que permitam reforçar o crescimento potencial. “É um bom momento para investir em infraestrutura e educação”, conclui Obstfeld.

Fonte: El País Brasil


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

Dólar opera em baixa de 1% e ronda R$ 2,20 nesta quarta

O dólar comercial abriu em queda ante o real nesta quarta-feira (2), após avançar na sessão anterior.

Notícias Gerais, por Redação

Governo inclui setor da saúde em projetos de estímulo à indústria

Entre as várias medidas de estímulo à produção nacional anunciadas nesta semana, o governo federal lançou nesta quinta-feira (11), via Ministério da Saúde, um pacote de parcerias para investir em produção farmacêutica.

Notícias Gerais, por Redação

Empresas têm até hoje para depositar décimo terceiro salário dos trabalhadores

As empresas têm até hoje (20) para pagar a segunda parcela do décimo terceiro salário.

Notícias Gerais, por Redação

Corte dos juros: publicidade focada nas taxas mínimas confunde consumidor

A Proteste - Associação de Consumidores alerta os consumidores que as taxas mínimas de juros anunciadas pelos principais bancos privados do País não serão oferecidas para todos, irrestritamente.

Notícias Gerais, por Redação

Como indicar conta conjunta na declaração de IR?

Para receber a restituição do imposto de renda ou no caso de imposto a pagar em débito automático, o contribuinte precisa colocar, na declaração, suas informações bancárias. Uma dúvida neste sentido é: e quando a conta for conjunta, como declarar?

Notícias Gerais, por Redação

Bovespa: saldo externo está positivo em cerca de R$ 6 bi até dia 26

O saldo de investimentos externos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ficou positivo em cerca de R$ 6 bilhões até o pregão do dia 26, registrando mais um dia de forte entrada de recursos de estrangeiros.

Notícias Gerais, por Redação

Petróleo termina em forte baixa em Nova York e em Londres

Os principais contratos futuros de petróleo registraram uma forte baixa nesta quinta-feira em Londres e em Nova York, em meio a um repúdio dos valores acionários a uma brusca apreciação do dólar.

Deixe seu Comentário:

=