Publicado por Redação em Notícias Gerais - 03/01/2014 às 11:23:01

Cinco desafios para a diplomacia brasileira em 2014

No ano em que o Brasil sediará a Copa do Mundo e realizará eleições para presidente e governadores, os políticos brasileiros deverão tratar a política doméstica com atenção ainda maior que a habitual.

Entretanto, 2014 também começa com a expectativa de empenho do governo em algumas questões da política externa, dando prosseguimento aos esforços de Brasília em ampliar a influência brasileira no mundo.

A BBC Brasil listou cinco dos principais desafios que a política externa brasileira deverá enfrentar no ano que se inicia.


Acordo Mercosul-União Europeia

Espera-se que nos primeiros meses de 2014 o Brasil e os demais membros do Mercosul entreguem suas propostas para um acordo de livre comércio com a União Europeia, que vem sendo negociado há 14 anos.

No Brasil, há crescente cobrança para que o acordo seja fechado - teme-se que, por tradicionalmente priorizar o comércio com os vizinhos do Mercosul, o país fique à margem das grandes alianças comerciais que estão em negociação ao redor do mundo e que devem transformar o comércio global nos próximos anos.

No dia 17 de janeiro, os chefes de Estado do bloco sul-americano poderão aproveitar uma reunião na Venezuela para finalizar a proposta aos europeus. Não se sabe se os países apresentarão uma oferta única ou ofertas individuais, a serem negociadas separadamente.

Do lado europeu, porém, poderá haver resistências a propostas individuais. Tampouco se sabe sob quais condições o bloco europeu aceitará abrir seu mercado para produtos agrícolas sul-americanos, uma das principais demandas do Mercosul, mas que enfrenta oposição especialmente da França.


Crise com os Estados Unidos

Ao desmarcar uma visita de Estado que faria a Washington em outubro, a presidente Dilma Rousseff formalizou sua indignação com as denúncias de que fora alvo de espionagem pela NSA, a agência de segurança nacional americana.

A decisão freou a aproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos que ganhara fôlego após a posse da presidente, em 2011. Contudo, o anúncio de que a viagem não foi oficialmente cancelada, mas sim suspensa, alimenta expectativas de que a visita seja remarcada antes do fim do mandato de Dilma, ainda em 2014.

Para tanto, a presidente terá de avaliar os prós e contras de uma eventual visita. A Casa Branca não parece muito disposta a atender o pedido de Dilma para que se explique pelas ações da NSA e, sem o gesto, crescem os riscos de que a viagem afete a popularidade da presidente no ano em que tentará se reeleger.

Por outro lado, entre os dividendos que poderá obter com a reaproximação estão um acordo de isenção de vistos entre Brasil e EUA, cuja negociação foi paralisada em meio à crise diplomática, e um apoio mais incisivo da Casa Branca à aspiração brasileira por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.


Tensão comercial com a Argentina

A relação comercial entre Brasil e Argentina vive momento delicado desde 2012, quando o governo argentino passou a adotar uma política chamada Declaração Jurada Antecipada de Serviços (DJAS) para controlar as importações ao país.

Empresários brasileiros e setores do governo dizem que a política cria sérias dificuldades às exportações para o país vizinho, embora as vendas de produtos nacionais para a Argentina tenham crescido 8,1% em 2013 em relação a 2012, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

No fim de 2013, a troca na chefia do órgão argentino que trata do comércio exterior abriu uma janela para que os países buscassem um maior entendimento nesse campo.

As negociações, no entanto, têm um importante obstáculo: a problemática falta de dólares no mercado argentino, que tende a se agravar com uma maior abertura do país a importações.


Nova política de cooperação

Em viagem à Etiópia em maio, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o Brasil alteraria o funcionamento da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), um dos pilares da diplomacia nacional em países pobres ou emergentes.

Dilma disse que a nova agência ajudaria a "viabilizar investimentos" e sugeriu que ela poderia deixar a alçada do Ministério de Relações Exteriores. Ainda não está claro, porém, como se dará essa mudança.

Hoje as ações da ABC, financiadas a fundo perdido, buscam em sua maioria compartilhar políticas públicas e capacitar funcionários dos governos favorecidos.

Ainda que aparentemente as novidades sugeridas por Dilma busquem estreitar os laços econômicos entre o Brasil e os países pobres, elas poderão custar ao país o discurso de que promove uma "cooperação desinteressada".

O discurso abriu portas ao país nos anos Lula e se contrapunha a um modelo de cooperação com contrapartidas, executado por algumas potências.


Grandes obras no exterior

A expansão de empresas brasileiras no exterior, que também ganhou grande impulso no governo Lula, vive momento de desgaste e tem sofrido forte resistência em alguns países.

Em Moçambique, um dos principais palcos de companhias brasileiras na África, a mineradora Vale enfrenta oposição de moradores locais numa de suas maiores operações fora do Brasil, a exploração de uma mina de carvão na província de Tete.

Moradores reassentados pela empresa se queixam das condições das novas casas e dizem que a companhia não cumpriu suas promessas de compensação, o que a Vale nega.

Também em Moçambique, há crescente resistência de agricultores a um projeto de cooperação conduzido pelo Brasil e pelo Japão, o Pró-Savana, que prevê a produção no país de commodities agrícolas em larga escala.

Grandes obras de infraestrutura de empresas brasileiras também têm sido alvo de críticas em vizinhos sul-americanos. No Peru e na Bolívia, protestos provocaram a suspensão ou cancelamento de contratos com empreiteiras brasileiras nos últimos anos.

Em grande parte financiados pelo BNDES, os megaempreendimentos brasileiros no exterior também têm sido contestados dentro do Brasil, onde há crescente cobrança para que esses empréstimos sejam mais transparentes e tenham justificativas consistentes.

Fonte: BBC Brasil


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

PAC 2 tem 21% de seu orçamento executado em 2011, diz governo

Em 2011, o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento) teve R$ 204,4 bilhões executados, de um total de R$ 955 bilhões previstos até 2014. Isso significa que 21% do orçamento do programa foi executado no ano passado.

Notícias Gerais, por Redação

Demanda por crédito empresarial cresce 9,1% em janeiro, diz Serasa

A demanda empresarial por crédito cresceu 9,1% em janeiro ante dezembro do ano passado. O resultado é a primeira alta após quatro meses consecutivos de declínio, afirmou a consultoria Serasa Experian nesta quarta-feira. Na comparação com janeiro de 2011, a alta foi de 3,6%.

Notícias Gerais, por Redação

Na ONU, Dilma pedirá articulação para solucionar crise econômica

A presidente Dilma Rousseff pedirá nesta quarta-feira, ao discursar na abertura da 66ª Assembleia Geral da ONU, uma articulação entre os países para superar a crise econômica global.

Notícias Gerais, por Redação

Dólar alcança R$ 1,79; Bovespa reduz perdas

O nervosismo do mercado financeiro com a crise europeia já empurra o dólar comercial para níveis não vistos desde junho do ano passado. Às 13h30 (hora de Brasília), o dólar comercial era negociado por R$ 1,791, aumento de 3,34% na comparação com fechamento da semana passada.

Deixe seu Comentário:

=