Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 21/05/2025 às 07:53:27

Psicólogo alerta sobre a cultura da produtividade tóxica

O excesso de ocupação não afeta só o trabalhador: atinge o entorno, reduz a convivência e empobrece o tecido social.

No Brasil, transtornos mentais já são a terceira principal causa de afastamento do trabalho. Em muitos casos, por trás dos laudos de ansiedade, depressão ou burnout, está uma lógica de produtividade tóxica: uma cultura que reduz cada hora em capital, encara cada pausa como desperdício e reduz cada pessoa a recurso.

Desde 2019, o burnout passou a ser reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como uma síndrome ocupacional. Trata-se de um esgotamento crônico causado por condições laborais desgastantes, marcado por exaustão física e emocional, despersonalização e perda de sentido. Esse aumento dos afastamentos por transtornos mentais nos últimos anos é sinal de que algo estrutural precisa ser revisto.

Não se trata de romantizar a vida, mas de reconhecer que na base dessa cultura está a ideia de que o valor de alguém se mede pela sua utilidade. Essa lógica não é neutra, pois reforça desigualdades, penaliza quem precisa desacelerar, e ignora o fato de que nem todos partem do mesmo ponto.

Um efeito colateral psicológico disso é o impacto relacional. Vínculos afetivos enfraquecem quando tudo gira em torno do trabalho. Relações familiares, amizades e até a vida comunitária são consumidas pela lógica do “agora não posso”. O excesso de ocupação não afeta só o trabalhador: atinge o entorno, reduz a convivência e empobrece o tecido social.

A tecnologia também desempenha um papel nesse cenário. A promessa de autonomia que veio com o trabalho remoto e os dispositivos móveis se converteram em disponibilidade permanente. Responder mensagens fora do expediente, participar de reuniões em fusos distintos, lidar com demandas a qualquer hora — tudo isso dissolveu as fronteiras entre tempo de viver e tempo de produzir.

Nesse cenário, modelos alternativos de organização do tempo ganham relevância. Em diversos países, novas jornadas de trabalho estão sendo testadas. No Brasil, um projeto-piloto com universidades e empresas privadas avalia o modelo 4×3, que busca manter ou elevar a produtividade, reduzir o estresse, melhorar a saúde mental e aumentar a satisfação das equipes.

Mais que uma pauta corporativa, trata-se de uma discussão sobre valores. Qual o custo humano de uma cultura que glorifica a sobrecarga? Talvez o avanço esteja menos em fazer mais, e mais em permitir pausas, limites e humanidade. Produtividade que adoece não é progresso — é retrocesso disfarçado de eficiência.

Fonte: Mundo RH


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Mais Médicos: edital estará aberto para brasileiros e estrangeiros

Vagas serão ocupadas prioritariamente por brasileiros; estrangeiros deverão ter conhecimento em língua portuguesa e passar por curso de especialização em atenção básica

Saúde Empresarial, por Redação

Governo vai criar 35 mil vagas para médicos no SUS

Meta para 2015 prevê crescimento do número de acordo com as verbas na área aplicadas pelos estados e municípios para ampliar a rede de atendimento

Saúde Empresarial, por Redação

Estudo americano aponta que atividade física reduz chances de Alzheimer

Um estudo da Universidade de Washington aponta que pessoas que praticam atividade física têm menos chances de desenvolver o Alzheimer. Em seis anos de pesquisa, dos 158 participantes do estudo, 107 desenvolveram a doença.

Saúde Empresarial, por Redação

Ministério envia 8 toneladas de medicamentos à Minas Gerais

O Ministério da Saúde, por determinação da presidenta da República, Dilma Rousseff, envia para Minas Gerais cerca de oito toneladas de medicamentos e insumos estratégicos usados para prestar os primeiros socorros a vítimas de desastres, a partir desta última sexta-feira (6).

Saúde Empresarial, por Redação

Ministério vai investir R$1,5 bi em pesquisa em saúde

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que a pasta aumentará em quase quatro vezes o valor investido na área de pesquisa, desenvolvimento e inovação do setor nos próximos quatro anos.

Deixe seu Comentário:

=