Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 22/09/2011 às 10:34:48

Médicos questionam quebra de patente defendida por Dilma na ONU

Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff defendeu, em reunião de alto nível com chefes de Estado, em Nova York, que as doenças crônicas não transmissíveis podem motivar quebra de patentes de remédios, assim como aconteceu com medicamentos contra a Aids.

Em NY, Dilma diz que saúde é prioridade e defende acesso a medicamentos

A estratégia, porém, não é vista como prioridade para reduzir a incidência e melhorar o tratamento dessas doenças, segundo especialistas consultados pela Folha.

São consideradas doenças crônicas não transmissíveis câncer, diabetes, problemas cardíacos e pulmonares.

Remédios necessários para o tratamento e a prevenção de doenças cardiovasculares já tiveram suas patentes expiradas e estão disponíveis na rede pública, afirma Luiz Antonio Machado César, presidente da Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo).

A exceção é um remédio lançado há pouco para um tipo de arritmia, que previne contra derrames.

A novidade, chamada dabigatrana, custa seis vezes mais do que a varfarina, remédio usado para o mesmo fim há décadas e com mais efeitos colaterais.

No caso do diabetes, Airton Golbert, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, diz que o tratamento depende muito do paciente e da mudança de estilo de vida.

"Diabetes não é só medicação. Antes de fazer a quebra de patente seria melhor oferecer programas mais eficientes de acompanhamento dos pacientes para que eles controlem a doença", afirma.

CÂNCER

O cenário é um pouco diferente no caso de câncer. "As novas drogas oncológicas custam entre R$ 10 mil e R$ 20 mil a dose", afirma Max Mano, professor assistente de oncologia da USP e médico do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira).

Por outro lado, diz, são drogas muito complexas, cujas versões genéricas não seriam muito mais baratas. O preço seria no máximo 20% menor do que o do medicamento de referência.

Mano lembra ainda que a quebra de patentes pode acabar com o estímulo para o desenvolvimento de remédios. "À primeira vista, o licenciamento compulsório pode parecer uma coisa fantástica para o paciente, mas ele mesmo pode ser prejudicado pela falta de inovação que isso pode causar", diz Tiago Matos, diretor jurídico do Instituto Oncoguia, que dá apoio ao paciente com câncer.

Matos diz que a quebra de patentes poderia beneficiar muitas pessoas, mas deve ser avaliada com cautela. "É uma medida extrema. Não pode valer como regra."

Na oncologia, as prioridades devem ser o diagnóstico precoce e a continuidade do tratamento, diz Max Mano.

Segundo Antonio Brito, presidente executivo da
Associação da Indústria Farmacêutica, a "maioria absoluta" desses remédios não está protegida por patentes.

Fonte: www1.folha.uol.com.br | 22.09.11
 


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Dormir poucas horas por dia pode encurtar tempo de vida

Milhões de pessoas prejudicam a própria saúde, sem terem consciência disso, por não dormirem o suficiente.

Saúde Empresarial, por Redação

Investimento privado em ações de combate ao câncer terá dedução fiscal

Empresas e pessoas físicas poderão abater de seu Imposto de Renda aportes feitos nas duas áreas, com foco na expansão destes serviços na rede pública

Saúde Empresarial, por Redação

Usuários sofrem com "burocracia" imposta pelos planos de saúde

Segundo advogado, reclamações mais frequentes são por negativas de procedimentos

Saúde Empresarial, por Redação

Inaugurado centro de transplantes de fígado em São Paulo

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, inaugurou sexta-feira (15) o Instituto do Fígado do Complexo Hospitalar da Beneficência Portuguesa, em São Paulo (SP). O instituto foi concebido para atender prioritariamente pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo tratamento individualizado e humanizado.

Saúde Empresarial, por Redação

Cinco estados recebem R$ 5,5 milhões para SAMU

Portarias garantem custeio de 18 ambulâncias e duas motolâncias em nove municípios brasileiros

Saúde Empresarial, por Redação

ANS define princípios para oferta de medicamentos

A medida, publicada nesta quarta, se refere à medicação de uso domiciliar para portadores de doenças crônicas, com o objetivo de deixar as regras mais claras para o beneficiário

Saúde Empresarial, por Redação

SUS inclui medicamentos para doença ligada ao tabagismo

O Ministério da Saúde vai incorporar medicamentos para tratar dos sintomas da doença pulmonar obstrutiva crônica, conhecida por Dpoc, à lista do Sistema Único de Saúde (SUS).

Saúde Empresarial, por Redação

Anvisa busca reconhecimento como Centro Colaborador da OMS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) busca ser reconhecida como Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme decisão da Diretoria Colegiada nesta última terça-feira (7/8).

Deixe seu Comentário:

=