Inverno: inimigo da pele, do coração e da respiração
De acordo com a American Heart Association, o frio aumenta a incidência de doenças cardiovasculares em 20% a 25%.
Com a chegada de temperaturas mais baixas, edredons, cobertas e casacos saem do armário. Infelizmente, para muitos, o inverno é também sinônimo de lenços e antigripais. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as doenças respiratórias causadas pelo vírus influenza aumentam de 30% a 40% entre abril e julho. Mas outras doenças também causam preocupação.
Um exemplo são os problemas cardíacos. De acordo com a American Heart Association, o inverno aumenta a incidência de doenças cardiovasculares em 20% a 25%. Para o cardiologista Costantino Ortiz Costantini, diretor-científico do Hospital Costantini, o organismo se ressente do frio, o que diminui o diâmetro das artérias, reduzindo o espaço por onde o sangue circula. Isso acaba causando enfartes.
Ataques cardíacos
Frio predispõe o sangue a coagular mais facilmente
No inverno, aumenta a incidência de doenças cardíacas e também de mortes por causa de enfarte. “O frio acaba sendo estímulo ou gatilho de uma doença já existente”, explica o cardiologista Costantino Ortiz Costantini, diretor-científico do Hospital Costantini.
Segundo ele, o frio causa alguns estímulos no organismo, como espamos (contrações) arteriais e predispõe o sangue a coagular mais facilmente. A prevenção deve ocorrer ao longo do ano, com o controle dos fatores de risco, como colesterol, pressão alta, tabagismo e diabete. “No inverno, a ingestão calórica acaba sendo maior, o que pode causar descompensação do organismo. Além disso, o frio leva ao sedentarismo, que deve ser evitado”, conta.
Problemas respiratórios
Não confunda gripe com resfriado
Os problemas respiratórios mais comuns são as infecções das vias aéreas superiores, como gripes e resfriados. Muitas vezes, os pacientes acabam confundindo os dois. “O resfriado é um quadro mais brando, com febre mais baixa, coriza, tosse seca e espirros, que se resolve rapidamente, entre três e cinco dias”, explica a clínica-geral do Hospital Cajuru Maria Inês Ceschin Lorusso. “Já a gripe é um quadro grave, que pode ter sérias complicações, como a pneumonia”, completa. Outras doenças virais que podem surgir são a amidalite e a traquiobronquite. Uma grande preocupação é a contaminação bacteriana. “As doenças bacterianas têm quadro mais agudo e mais intenso e necessitam de tratamento específico”, diz Maria Inês. Para se prevenir, agasalhar-se bem é importante. “A variação brusca de temperatura, do quente para o frio, predispõe a doenças respiratórias”, conta o otorrinolaringologista da Amil Paraná Paulo Eduardo Przysiezny. O médico também destaca a importância de lavar ou, no mínimo, colocar no sol agasalhos e cobertores que passaram o verão trancados no armário. Com isso, pode se evitar crises alérgicas. Também é importante evitar locais fechados e com muita concentração de gente, assim como deixar a casa arejada e com o ar umidificado.
Outro órgão que acaba sofrendo com o frio é a pele. Como os dias quentes e de sol forte ficaram para trás, muitos desistem de usar o protetor solar. As pessoas esquecem que quem fica exposto ao sol deve se preocupar com os efeitos da exposição exagerada. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que mais de 130 mil novos casos de câncer de pele não melanoma devem atingir a população apenas neste ano.
Mesmo com outras preocupações, o paciente deve se prevenir para evitar as doenças respiratórias. As mais comuns são o resfriado, que não exige grandes cuidados, e a gripe, um quadro mais importante. Como forma de prevenção, a vacina pode ser uma grande aliada. “Temos a campanha de vacinação agora e, para pacientes idosos e crianças pequenas, é bastante importante. Neles a doença pode ser ainda mais grave”, explica o clínico-geral do Hospital Santa Cruz Carlos Sperandio.
Com tantos resfriados e gripes e acesso fácil a antigripais, muitos acabam recorrendo à automedicação. “Se o sintoma for leve, o antigripal é uma indicação que viria do próprio médico, mas não pode ser usado em excesso”, diz Sperandio. Portanto deve haver cuidado no uso indiscriminado da medicação. “Eles possuem vasoconstritores, que, em excesso, podem causar arritmia cardíaca. Eles ajudam, mas o uso não deve ser disseminado. É ideal que o médico avalie antes”, explica o otorrinolaringologista da Amil Paraná Paulo Eduardo Przysiezny.
Dermatologia
Banho quente diminui hidratação e remove oleosidade natural da pele
No verão, o protetor solar se torna o melhor amigo de quem quer curtir o calor e as praias. Só que ele não deve ser esquecido no armário no inverno. Pessoas que se expõem ao sol e com pele clara precisam continuar usando o filtro nas áreas como a face, o decote, o dorso das mãos e o braço. Porém o ressecamento da pele também é um problema comum na estação mais fria do ano. “O maior problema do inverno são os banhos quentes, que removem a oleosidade natural da pele. Como transpiramos menos, a hidratação natural também diminui”, conta Fabiane Mulinari Brenner, dermatologista do Hospital VITA. O essencial é manter a pele hidratada sempre. “Os hidratantes mais potentes são indicados para esta época do ano. Eles geralmente têm consistência mais pesada. Os com ureia e com lactato de amônio têm boa capacidade de hidratação”, diz.
Fonte: GAZETA DO POVO – PR